22/09/2005

FIM DO POÇO

 

No meio de tanta turbulência política e econômica, temos que reconhecer que o país nunca teve suas contas alinhadas como agora – agora falamos nos últimos seis anos. Esta referência está servindo de marketing internacional ainda atraindo um razoável fluxo de investidores.

     As aplicações na Bolsa de valores de São Paulo (BOVESPA) lideraram o movimento em julho e não ficaram por muito menos em agosto, encerrando em agosto um fluxo de investimento próximo de R$ 2,5 bilhões. Este ano, o Brasil deverá crescer próximo de 3%, que isoladamente é muito pouco, mas adicionados aos 4,9% do ano passado, demonstra uma tendência de crescimento. Por outro lado, a taxa de inflação (IPCA), deve fechar em queda, como nos últimos três anos.

       As exportações deverão ultrapassar um superávit em conta corrente de US$ 38 bilhões, gerando superávit em conta corrente pelo terceiro ano consecutivo e apresentando um conta corrente de comércio recorde.

       No campo das contas públicas o ano de 2005 deverá ser o sétimo ano de ajuste fiscal superavitário primário, inédita para o Brasil. Dá para afirmar em termos de macroeconomia que nos últimos trinta anos nunca se viu uma sustentação estável por tanto tempo, é o que diz a economista Eliza Pessoa da Opus Gestão de Recursos.

       A conclusão que se chega é que se as lideranças e as governanças estivessem mais comprometida com a responsabilidade social, os resultados seriam muito diferentes. Assistimos nos últimos meses a externalização do submundo político. Pena que esquecemos logo de tudo isso. Pois bem. O que falta ao Brasil para sair desta síndrome de quadro negativo, sem transformar um país de estrangeiros como muitos querem, ou seja, transformar um Brasil em Brazil.

Com todo o esforço nos últimos 15 anos em transformar um Brasil exportador, somos responsáveis por menos de um por cento do total das exportações mundiais. As autoridades esperam que em 2007 seja superado a marca desta unidade percentual. Só este quadro, demonstra o quanto estamos aquém do ranking de sermos competitivos. Temos uma tradição de pouco mais de 10 anos de exportação, há não ser do tempo do café, açúcar e borracha. Não somos um país industrializado, não temos tecnologia – há não ser em alguns setores ; não temos pesquisas e temos a grande maioria de nossos universitários estudando nas áreas sociais e humanas.

Falta para nós escolas na formação de técnicos, tecnólogos, engenheiros, pesquisadores, ligados diretamente à ciência. E cabe aqui as empresas investirem nestes departamentos, se associando com universidades, e não será terceirizando o ensino superior ao estado que desenvolveremos nossas potencialidades. Alguém se lembra que a UFRGS foi um dia Universidade Estadual e que foi no Governo Brizola que transferiu o problema ao Governo Federal? Podemos estar no fim do poço, mas falta muito para retomarmos o crescimento.

 

Enio Gehlen – Economista e Contador
GEHLEN CONSULTORES
http://www.gehlenconsultores.com.br

Voltar