13/10/2005

 

O Brasil dos Desmandos

 

     Vivemos momentos inusitados. Alguns, atribuindo ao homem total responsabilidade sobre a natureza como se fosse ela a perfeita; outros se aproveitando da fraqueza da maioria e até da inanição de muitos, diante dos desafios que a própria sobrevivência nos apresenta. Assim, reflete a classe política, empresarial, trabalhadora e governamental. Somos fruto do meio.

     Querer fazer referendo para saber se o povo quer armas ou não é subestimar a capacidade do próprio legislador. Enfim, ele não é o representante do povo? Que povo que ele representa? Se vão tanto as bases eleitorais, faltando serviço na câmara porque não pergunta a estas mesmas bases que o elegeu?

     Já esquecemos do salário mínimo proposto pelo governo um valor, editado em medida provisória e veio o Senado e sobre taxou o valor como se fosse dono do país, legítimo representante do povo, não passando no executivo, pois o orçamento, que o legislativo aprovou, não comportava o pagamento de tamanho encargo.

     Nesta semana presenciamos os desmandos quanto a proposição do governo em relação as mudanças da MP 252. De uma medida autoritária, recebeu ponderações saudáveis pelo Senado, que a Câmara dos Deputados não tiveram organização, tempo, habilidade em aprovar – com ou sem ressalvas. A falta de senso de prioridade, excesso de individualismo e interesses “aconchavistas”, aliado tudo a uma manipulação partidária extra Congresso Nacional, provocaram um prejuízo aos empresários de grande monta, irrecuperável, causando profundos desencaixe financeiro, principalmente não ampliando os limites do SIMPLES.

     Se não bastasse isso, os ganhos de capital pela venda de imóveis ficaram truncados, com procedimentos de junho a outubro, diferente do que era e como ficou, mais uma vez trazendo inúmeras dificuldades aos profissionais que auxiliam os empresários no emaranhado tributário. Sempre ouvimos dizer que, agora sim, quando vierem as eleições, saberemos em quem dirigir nossa intenção de mudança.

     Enquanto isso, a economia continua, as necessidades de alimentação e atendimento das necessidades também. As empresas diante das incertezas do mercado internacional também encontraram um pé sobre sua cabeça das políticas internas. Sem renda, sem investimentos e estrutura, sem planos para a agricultura, desatenção nas saúdes – humana e animal, são alguns dos reflexos de um país que “pensa que sabe”, mas na verdade nem começou a fazer.

     Quando dissemos nesta coluna que o Brasil é responsável por menos de 1% do mercado internacional, fomos intencionistas em depreciar os exportadores. Muito pelo contrário, é para mostrar que tem um mercado imenso a explorar, que sozinho, o empresário não sairá do chão, se não houver políticas públicas e privadas de médio e longo prazo.

     Uma palavrinha da China para os mais temerosos. A China é menos que quatro vezes maior que o Brasil em termos de economia e mais de seis vezes mais em população. Ela está fazendo o papel dela, buscando mercado e dando condições de vida aos seus. E nós, esperando o condor (o novo airbus)  passar.

 

Enio Gehlen – Economista e Contador
GEHLEN CONSULTORES
http://www.gehlenconsultores.com.br

 

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