20/10/2005

 

Sinal de Alerta para a Indústria Moveleira

 

     Há muito tempo o setor vem sinalizando das dificuldades e compromissos internos, afastando cada vez mais da competitividade. A burocracia da importação de tecnologia e equipamentos, a carga tributária e as dificuldades operacionais de deslocamento dos produtos internamente, seus portos e o descrédito, tem sido alguns dos percalços trilhados.

     Nesta semana assistimos o ex-diretor do Banco Central trazendo suas considerações sobre o cenário econômico brasileiro e mundial e ficou patente, a morosidade com que as diretrizes governamentais estão sendo tratadas. Não bastasse a lentidão do processo, também sentimos a falta de uma ambição mais própria do momento, em nome da cautela exagerada, demonstrada pela falta de projetos consistentes. Decididamente, o Brasil é um país sem planos.

     O crescimento de 2005 é esperado em 3,5% sobre o PIB e projetado para 2006 na mesma ordem. Para quem tem relativa com auto-suficiência de energia, povo ordeiro e trabalhador, com empreendedorismo e iniciativa, perseverante, é muito pouca pretensão.

     O pior, sem ser exagerado, está para acontecer. Indicadores da Feira dos Estados Unidos desta semana nos dão conta de que os países asiáticos invadiram os Estados Unidos oferecendo os mesmos produtos em média, trinta por cento mais barato que o brasileiro. Dez por cento, se pode argumentar na qualidade, na fidelidade e confiança dos contratos a médio e longo prazo. Agora com 30% de defasagem não existe mais parceria. Estes empresários do oriente não são os nativos, são americanos do leste, que antevendo esta oportunidade, se anteciparam e através de acordos internacionais se instalaram não só na China, mas na Coréia, Vietnã e outros, levando tecnologia e aproveitando as condições locais de mão de obra e tributos. Lá, tudo é tratado pelo Pacífico, e n os acostumados aos ventos do Atlântico, como se o outro lado não existisse.

     Imaginemos o que representará para o Brasil, porque uma retomada de perda de mercado neste setor, poderá se dar após um longo período, no mínimo o mesmo que demorou em conquistá-lo – não menos de três anos.

     Definitivamente os empresários estão desprovidos e se já estavam sozinhos anteriormente, agora, os moveleiros estão em trilha própria, sem asfalto ou postos de abastecimentos.

     A esperança do mercado interno é utópica, pois qualquer aquecimento haverá uma migração para as compras de bens duráveis, mas jamais nos níveis que hoje são exportados. Tínhamos a esperança de desenvolvimento neste setor, mas definitivamente estamos fadados a provincianos mais uma vez. Até parece que a sina de colônia nos persegue.

     Não fica difícil imaginar como está o setor moveleiro, que em outubro de 2002 negociou em dólar a taxa de 3,92 e nesta semana trabalhou com a taxa de R$ 2,30. Ninguém tem capital para botar fora por tanto tempo. Investir no futuro com as políticas governamentais existentes é provar que a teimosia dá certa. 

O setor está desolado a algum tempo, e não é choro.

Enio Gehlen – Economista e Contador
GEHLEN CONSULTORES
http://www.gehlenconsultores.com.br

 

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