03/11/2005

TRADUZINDO O ECONOMEZ

   

A Ética da Informalidade

 Para não ser extremado, o nome do artigo deveria ser A Ética do Caixa 2. Em artigo anterior escrevemos sobre a Ética da Mentira, recebendo até alguma censura, mas precisamos ter presente que o mundo dos negócios entrou de corpo e alma na economia informal. Os motivos parecem ser somente um e não se trata de contestar as políticas econômicas, sociais ou mesmo fiscais, e sim, por ser uma questão de sobrevivência.  

             A economia informal era tida somente entre os pequenos empresários que representavam menos de 10% da economia. A estrutura fiscal foi montada para os grandes, propiciando que  alguns estados fomentassem a informalidade dos pequenos, negligenciando a fiscalização, sob a alegação de  que era um grande serviço social.

             E agora, como ficamos diante do aumento dos impostos e diminuição da lucratividade, com necessidades de investimento e a inconstância do mercado? É uma questão de se manter no mercado.

             Os bancos começaram a publicar seus balanços trimestrais e os lucros são exorbitantes. A quem diga que estamos em economia de mercado, “se estabelece quem tem competência”.  Por outro lado, Governo Federal fica satisfeito, pois sobre este lucro, leva imediatamente uma grande parcela, pois a tributação dos bancos é levemente superior a das empresas.

             O que mais preocupa é a legislação brasileira, que na verificação da burla fiscal, enquadra logo em crime contra a ordem tributária e tem sido o algoz de muitas empresas, que na ânsia de sobreviverem aos descompassos das políticas econômicas  tentaram honrar seus compromissos com fornecedores e funcionários, deixando o estado de lado.

              Poderíamos nos perguntar a que tribunal poderia nos dirigir para buscar reparação por perdas e danos morais daqueles que, em véspera de eleição do ano de 2002 disserem “Fora o FMI” e que não iriam pagar a dívida externa. Que prejuízo causou a sociedade brasileira, com o terrorismo emocional para buscar a vitória em eleições? Esquecemos ... poucos lembram dos acontecimentos de 2003 e 2004 onde tudo (ou quase tudo) o que o executivo mandava para o congresso eram aprovado.

               Portanto, a informalidade tenderá ao aumento, ficando difícil de prever o grau dos negócios escusos. quem diga que isso não é burla nem sonegação, é simplesmente proteção.

               E aí, proteger-se para perseverar também não é o exercício da ética? É o encolhimento natural de quem se sente ameaçado.

 

 

Enio Gehlen – Economista e Contador
GEHLEN CONSULTORES
http://www.gehlenconsultores.com.br

 

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